segunda-feira, 30 de junho de 2014

PALAVRA DO PAPA HOJE

Missa em Santa Marta-Martírio com luvas brancas

2014-06-30 L’Osservatore Romano
Ainda hoje estamos no tempo dos mártires: os cristãos são perseguidos no Médio Oriente onde são assassinados ou obrigados a fugir, também «de forma elegante, com luvas brancas». No dia em que a Igreja faz memória dos mártires dos primeiros séculos, o Papa Francisco convidou a rezar «pelos nossos irmãos que hoje são perseguidos». Porque, afirmou, hoje «não existem menos mártires» do que nos tempos de Nero. Portanto, foi precisamente ao martírio, à sua actualidade e ao que o caracteriza, que o Pontífice dedicou a celebração eucarística da manhã de segunda-feira 30 de Junho na capela da Casa de Santa Marta.
«Na oração no início da missa – disse o papa – assim invocámos o Senhor: “Senhor, que fecundastes com o sangue dos mártires os primeiros rebentos da Igreja de Roma”». É uma invocação apropriada, explicou, para a comemoração dos «primeiros mártires desta Igreja».
É particularmente significativo, observou o Papa, que «o verbo que usamos para invocar o Senhor é fecundar». Portanto, «fala-se de crescimento e de uma planta: isto faz-nos pensar nas várias vezes em que Jesus dizia que o Reino dos céus é como uma semente». Também «o apóstolo Pedro, na sua carta, nos diz que “fomos regenerados como uma semente incorruptível”». E esta «é a semente da palavra de Deus. Isto é o que foi semeado: a semente é a palavra de Deus, diz o Senhor. É semeada».
Numa parábola, Jesus explica precisamente que «o Reino dos céus é como um homem que lança a semente na terra, depois vai para casa, repousa, trabalha, vigia, de noite e de dia, e a semente cresce, brota, sem que ele saiba como».
Por conseguinte, a questão central, afirmou o Papa, consiste em perguntar-se «sobre o modo como fazer para que esta semente da palavra de Deus cresça e se torne o Reino de Deus, cresça e se torne Igreja». O bispo de Roma indicou «as duas fontes» que realizam esta obra: «o Espírito Santo – a sua força - e o testemunho do cristão».
Em primeiro lugar, explicou o Papa, «sabemos que não há crescimento sem o Espírito: é Ele que faz a Igreja, que faz crescer a Igreja, que convoca a comunidade da Igreja». Mas, prosseguiu, «é necessário também o testemunho do cristão». E «quando o testemunho chega ao final quando as circunstâncias históricas nos pedem um testemunho forte, ali encontramos os mártires: as maiores testemunhas!». Eis então que «aquela Igreja é irrigada com o sangue dos mártires». Exactamente «esta é a beleza do martírio: começa com o testemunho, dia após dia, e depois pode acabar com o sangue, como Jesus, o primeiro mártir, a primeira testemunha, a testemunha fiel».
Porém, para ser verdadeiro, o testemunho «deve ser incondicional» afirmou o Pontífice. O Evangelho proposto pela liturgia hodierna (Mt 8, 18-22) é claro a este propósito. O testemunho – especificou o Papa – é incondicional, deve ser firme, decidido, deve ter aquela linguagem tão forte de Jesus: sim sim, não não”!». É exactamente «esta a linguagem do testemunho».
Olhando para a história «desta Igreja de Roma que cresce, guiada pelo sangue dos mártires», o Papa convidou portanto a pensar «nos numerosos mártires de hoje que oferecem a sua vida a favor da fé: os cristãos perseguidos». Porque, afirmou, «se naquela perseguição de Nero houve tantos, hoje não existem menos mártires, menos cristãos perseguidos». «Pensemos no Médio Oriente», disse, «nos cristãos que devem fugir da perseguição» e «nos cristãos assassinados pelos perseguidores». E também «nos cristãos afastados de forma elegante: também aquela é uma perseguição!».
Nos nossos dias, reiterou o Papa, «há mais testemunhas, mais mártires na Igreja do que nos primeiros séculos». E «recordando na missa os nossos gloriosos antepassados aqui em Roma», convidou a pensar e a rezar também pelos «nossos irmãos que vivem perseguidos, que sofrem e que com o seu sangue fazem crescer a semente de muitas pequenas Igrejas que nascem». Sim, concluiu, «rezemos por eles e também por nós».

MISSAS E CELEBRANTES DE 30 DE JUNHO A 06 DE JULHO


DOCUMENTO 104 - SÍNTESE

SÍNTESE DO DOCUMENTO 104 CNBB
APRESENTAÇÃO DO TEXTO DE ESTUDO
“Ensinai-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado” (Mt 28,20).
O Primeiro Capítulo deste texto de estudo afirma a urgência de enraizar a Palavra de Deus na experiência das comunidades cristãs. O Segundo Capítulo nos ajuda a compreender como, ao longo da história, a comunidade paroquial se consolidou, com maior ou menor êxito, como “Igreja Doméstica”, que deveria sempre zelar tanto pelo culto quanto pela comunhão, pelo serviço, pelo testemunho e pelo anúncio da Boa-nova. O Terceiro Capítulo nos apresenta os desafios atuais nascidos de uma mudança de época.
O Quarto Capítulo delineia alguns traços fundamentais da identidade de uma verdadeira comunidade cristã. Recorda a necessária integração das diversas experiências de comunidade na comunidade paroquial e no compromisso com o planejamento conjunto da ação pastoral.
Esperançoso de que tudo isso se torne realidade, e não apenas um sonho a se realizar compartilho convosco os por menores deste estudo.
INTRODUÇÃO
O documento de Aparecida (370) diz que devemos “ultrapassar uma pastoral de mera conservação para assumir uma pastoral decididamente missionária”. Para isso é preciso transformar a estrutura da paróquia numa comunidade de comunidades, que representa um retorno à raiz evangélica bem anterior à estrutura paroquial. Para transformarmos a paróquia em comunidade de comunidades, o modelo é o próprio Jesus e a sua maneira de organizar a vida em comunidade em vista do Reino de Deus.
CAPITULO I PERSPECTIVA BIBLICA
Toda a comunidade cristã encontra sua inspiração naquelas comunidades que o próprio Jesus Cristo fundou por meio dos apóstolos, na força do Espírito Santo.
Recuperar a comunidade-No antigo Israel, a comunidade, era a base social, ambiente concreto de encarnar o amor de Deus no amor ao próximo. No tempo de Jesus devido ao sistema da religião imperial, a vida comunitária estava se desintegrando. Muitas pessoas ficavam sem ajuda e sem defesa, como as viúvas, os órfãos, os pobres (cf. Mt 9,36).
A nova experiência de Deus: o Abbá- Jesus dizia: “Quem me viu, tem visto o Pai” (Jo 14,9). Ele revelava um novo rosto de Deus sendo o portador da grande Boa- Nova para todos os seres humanos, sobretudo para os pobres.
A missão do Messias- Jesus, quando batizado no rio Jordão (cf. Mc 1,9) tem revelada a sua missão de ser o servo enviado de Deus: “Tu és o meu filho amado; em ti está o meu agrado” (Mc 1,11; Mt 3,16- 17; Lc 3,21- 22 e Is 42,1). A partir daquele momento, Jesus passou a se identificar com a missão do servo de Deus, anunciado por Isaías: “Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc 10,45), “anunciar a boa- nova aos pobres, proclamar a libertação aos presos e, aos cegos, a recuperação da vista; para dar liberdade aos oprimidos e proclamar um ano aceito da parte do Senhor” (Lc 4,18- 19). Por ter sido fiel a essa missão, recebida do Pai, Jesus era amado pelos pobres, mas perseguido e caluniado pelos poderosos que, por fim, decidiram matá-lo (cf. Mc 3,6).
A novidade do reino- Ao redor de Jesus, começou a nascer uma pequena comunidade (cf. Mc 1,16- 20; 3,14) em que:
a) todos são irmãos (Mt 23,8);
b) há igualdade entre homem e mulher (cf. Mt 19,7- 12). As mulheres “seguem” Jesus desde a Galileia (cf. Mc 15,41; Lc 23,49); (Jo 4,26); (Mc 16,9- 10; Jo 20,17);
c) há partilha dos bens; (cf. Mc 10,28; Mt 8,20). Havia uma caixa comum que era partilhada, também, com os pobres (cf. Jo 13,29). Nas viagens o discípulo deveria confiar no povo que o acolhesse e dependeria da partilha que receberia (cf. Lc 10,7);
d) relacionam- se como amigos e não como empregados.(Jo 15,15);
e) o poder é exercido como serviço. (Lc 22,25- 26; Mc 10,44). Jesus deu o exemplo (cf. Jo 13,15). “Não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mt 20,28);
f) é dado o poder de perdoar e reconciliar. Esse poder foi dado a Pedro (cf. Mt 16,19), aos apóstolos (cf. Jo 20,23) e às comunidades (cf. Mt 18,18). O perdão de Deus passa pela comunidade, que é lugar de perdão e de reconciliação e não de mútua condenação;
g) se faz a oração em comum. Eles iam juntos em romaria ao Templo (cf. Jo 2,13; 7,14; 10,22- 23), rezavam antes das refeições (cf. Mc 6,41; Lc 24,30). Em grupos menores, Jesus se retirava com eles para rezar (cf. Lc 9,28; Mt 26,36- 37); h) se vive a Alegria. (Lc 10,20; Lc 10,23- 24; Lc 6,20; Jo 16,20- 22).
Um novo estilo de vida comunitária - Jesus deu quatro recomendações para a vida comunitária (cf. Lc 10,1- 9):
a) Hospitalidade. (cf. Lc 9,4; 10,5- 6; Mt 10,9- 10; Lc 10,5);
b) Partilha (Lc 10,7).
c) Comunhão de mesa (Lc 10,8; cf. Mt 23,15);
d) Acolhida aos excluídos. (cf. Lc 10,9; Mt 10,8)
Sendo essas recomendações atendidas, os discípulos poderiam proclamar: “O Reino chegou!” (Lc 10,1- 12; 9,1- 6; Mc 6,7- 13; Mt 10,6- 16). O Reino implica uma nova maneira de viver e de conviver, nascida da Boa-Nova que Jesus anunciou.
O novo modo de ser pastor - Jesus como o Bom Pastor (cf. Jo 10,11) acolhia o povo, sobretudo os pobres (cf. Mc 6,34; Mt 11,28- 29). Seu agir revela um novo jeito de cuidar das pessoas. Jesus recupera a dimensão caseira da fé. Entrou na casa de Pedro (cf. Mt 8,14), de Mateus (cf. Mt 9,10), de Zaqueu (cf. Lc 19,5). O povo procurava Jesus na sua casa (cf. Mt 9,28; Mc 1,33). Quando ia a Jerusalém, Jesus parava em Betânia, na casa de Marta, Maria e Lázaro (cf. Jo 11,3). Ao enviar os discípulos, deu-lhes a missão de entrar nas casas do povo e levar a paz (cf. Mt 10,12- 14). Jesus vai ao encontro das pessoas através da prática do acolhimento (Mt 11,28). Ele tem um cuidado especial para com os doentes (cf. Mc 1,32), considerados como quem recebe um castigo divino e, por isso eram afastados do convívio social, vivendo de esmola. Jesus toca- os para curá-los tanto da doença como da exclusão. (Mc 1,45). Jesus não exclui ninguém. Oferece um lugar aos que não tinham lugar na convivência humana. (Mt 21,31- 32; Lc 7,2- 10; Mt 8,2- 4; Mc 1,32; Lc 18,9- 14; Mt 5,3).
O ensinamento novo- A pregação de Jesus era muito ligada ao cotidiano das pessoas. (cf. Mc 1,14- 15; Mc 2,13). O povo gostava de ouvi-lo, ficava admirado (cf. Mc 12,37). Por isso, o povo percebeu “um ensinamento novo com autoridade” (Mc 1,27). Sua própria vida era o testemunho eloquente do que ensinava.
A nova páscoa - O Reino de Deus, demonstrado na pregação, nos milagres e na comunhão com os pobres, os doentes e os pecadores, provocou resistências no caminho de Jesus: (cf. Mc 8,31; cf. Mt 27,31; Mc 14,64). Na hora da crucificação, os discípulos abandonaram Jesus e fugiram (cf. Mc 14,50). Naquele momento do Gólgota, a pequena comunidade estava dispersa (cf. Mt 26,56). Na manhã de Páscoa, a comunidade dos discípulos fez a experiência do encontro com Jesus ressuscitado (cf. Lc 24,1- 8) que confere aos discípulos o dom da paz (cf. Jo 20,21). para o perdão dos pecados (cf. Jo 20,22- 23). Na Páscoa de Jesus, a morte foi vencida (cf. Jo 3,36; Jo 20,30).
Pentecostes: o novo povo de Deus - Após a ressurreição, Jesus Cristo transmite aos apóstolos a promessa do Pai, o Espírito Santo, que concede diversos carismas que acompanham o verdadeiro anúncio evangélico e guia as decisões fundamentais da Igreja para ser uma comunidade evangelizadora (cf. At 8,29- 39; At 5,28; At 13,2- 3). Aqueles que são conduzidos pelo Espírito (cf. Rm 8,14) são filhos de Deus que realizam no cotidiano sua dignidade divina (cf. Rm 8,4). O comportamento filial do cristão é fruto do Espírito (cf. 1Ts 2,11- 12; At 1,8).
A nova comunidade cristã - Nos Atos dos Apóstolos, Lucas propõe a inspiração para toda a comunidade cristã, partindo de quatro colunas básicas:
a) o ensinamento dos apóstolos: (cf. 1Ts 2,13);
b) a comunhão: (cf. At 2,44- 45; 4,32; 34- 35). O ideal da comunhão era chegar a uma partilha não só dos bens, mas também dos sentimentos e da experiência de vida, a uma convivência que supere as barreiras (cf. Gl 3,28; Cl 3,11; 1Cor 12,13), a ponto de todos se tornarem um só coração e uma só alma (cf. At 4,32; 1,14; 2,46);
c) a fração do pão (eucaristia): (cf. Jo 6,11). Lembrava o gesto que abriu os olhos dos discípulos de Emaús (cf. Lc 24,30- 35). A fração do pão era feita nas casas (cf. At 2,46; 20,7);
d) as orações: (cf. At 5,12b), que fortaleciam na hora das perseguições (cf. At 4,23- 31). Faziam como Jesus que, pela oração, enfrentava a tentação (cf. Mc 14,32).
A missão - As testemunhas pascais recebem o mandato missionário do próprio Senhor (cf. Rm 5,6- 8) e eram estimados por todo povo e a cada dia o Senhor acrescentava a seu número mais pessoas que seriam salvas (cf. At 2,47). Os discípulos de Jesus são reconhecidos por viverem em comunhão (cf. Jo 13,34). Assim, comunhão e missão estão profundamente unidas.
A nova esperança: a comunidade eterna - Assistida pelo Espírito de Jesus Cristo, a comunidade cristã caminha rumo à Pátria Trinitária (cf. Fl 3,20). (cf. 2Pd 3,13). O mais antigo escrito no Novo Testamento é a Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses que convoca a comunidade cristã a perseverar vigilante na vinda de Cristo para plenificar a história (cf. 1Ts 4,13- 18).
Essa expectativa é marcada por uma tensão entre o seguimento de Jesus Cristo no cotidiano e a certeza de sua vinda na glória. Assim, a comunidade não vive no espiritualismo descompromissado com a realidade nem atua no mundo sem a garantia de uma promessa que transcende o tempo. Como filhos do dia, os cristãos não devem andar nas trevas, esperando o grande dia do Senhor Jesus (cf. 1Ts 5,4- 7).
Cada comunidade cristã é testemunha e anunciadora dessa realidade futura, atualizando através dos séculos a mensagem e a esperança de Cristo. A Igreja, esposa de Cristo, vive da certeza de que um dia habitará na tenda divina, na casa da Trindade, numa Aliança nova e eterna com Deus (cf. Ap 21,2- 5). A Igreja brota da Trindade e é nesta perspectiva trinitária que ela fundamenta sua vida comunitária (1Cor 15,28; Ef 1,10).
CAPITULO II PERSPECTIVA TEOLÓGICA
Na base da experiência comunitária, proposta da experiência da “comunhão”. (Mc 3,14), inspirada na própria Santíssima Trindade, a perfeita comunidade de amor.
2.1. VÁRIAS FORMAS DE ORGANIZAR A IGREJA
A Igreja Doméstica - O Novo Testamento permite identificar os cristãos como peregrinos e, ao mesmo tempo, os seguidores do caminho (cf. At 16,17). Assim a Igreja, comunidade de fiéis, é integrada por estrangeiros (cf. Ef 2,19), pelos que estão depassagem (1Pd 1,7) ou, ainda, pelos imigrantes (1Pd 2,11) ou peregrinos (Hb 11,13). Sempre indicando que o cristão não está em sua pátria definitiva (cf. Hb 13,14), que deve se comportar como quem se encontra fora da pátria (cf. 1Pd 1,17). A paróquia, desse modo, é uma “estação” onde se vive de forma provisória, pois o cristão é caminheiro.
Ele segue o caminho da salvação (cf. At 16,17). As primeiras comunidades cristãs, entretanto, não são conhecidas como paróquias. São Paulo prefere usar a expressão Igreja Doméstica sendo que as casas serviam de local de acolhida dos fiéis para ouvir a Palavra, repartir o pão e viver a caridade que Jesus ensinou.
No tempo das primeiras pregações do cristianismo, a civilização urbana se expandia e as cidades promoviam uma revolução social e cultural. Paulo apóstolo funda, então, comunidades nas cidades mais importantes do Império. Isso implica entrar na nova organização social que emergia e, assim, modificava o estilo predominantemente rural de ser comunidade a partir da experiência da Palestina.
Dessa forma, cresce uma rede de comunidades cristãs urbanas. Enquanto as comunidades do cristianismo palestinense eram profundamente itinerantes, a proposta de Paulo passa para um cristianismo que se fixa por um tempo maior, diferente da realidade rural que obrigava as pessoas a migrarem sempre que havia seca ou findavam as pastagens para os rebanhos.
O surgimento das paróquias - Quando, em Roma, o cristianismo adquiriu a forma de uma organização central, este começou a influenciar as Igrejas Domésticas. Com o crescimento do número de cristãos as assembleias cristãs tornam- se cada vez mais numerosas e, por isso, anônimas, com relações frias e distantes. A antiga relação igreja- casa se enfraquece e se faz a introdução das paróquias territoriais.
A partir do século IV aparece, de um lado, a diocese e, de outro, a paróquia. As paróquias surgiram, portanto, da expansão missionária da Igreja nos pequenos povoados que rodeavam as cidades. Nascem de uma preocupação pastoral e missionária. Haverá paróquias grandes e pequenas, de acordo com o tamanho das cidades. O Concílio de Trento, no ano de 1563, insistiu que o pároco resida na paróquia. Estabeleceu os critérios de territorialidade da paróquia, modelo chegou até nossos dias.
2.3. A PARÓQUIA NO CONCÍLIO VATICANO II
O Concílio Vaticano II não tem um documento ou uma parte específica sobre a paróquia, contudo, apresenta uma chave de leitura muito importante: a Igreja Particular (Diocese). A Igreja, que prolonga a missão de Jesus, há de ser compreendida primeiramente como comunhão, pois sua raiz última é o mistério insondável do Pai que, por Cristo e no Espírito (experiência comunitária a partir da comunidade perfeita do amor, a Trindade), quer que todos os homens e todas as mulheres participem de sua vida de infinita e eterna comunhão, na liberdade e no amor, vivendo como filhos e filhas, irmãos e irmãs.
A Igreja tem sua origem na Santíssima Trindade. Na história ela se espelha na comunhão trinitária, e seu destino é a comunhão definitiva com o Deus Uno e Trino. Para realizar sua missão, no mundo, a Igreja precisa de uma constituição estável, que há de ter por base a “comunhão”, característica necessária a todas as formas de organização da vida eclesial.
A renovação paroquial na América Latina e no Caribe - É urgente a renovação das estruturas paroquiais para que sejam redes de comunidades capazes de propiciar aos seus membros uma real experiência de comunhão com Cristo. A “renovação das paróquias no início do terceiro milênio exige a reformulação de suas estruturas para que seja uma rede de comunidades e grupos capazes de se articular, conseguindo que os participantes se sintam realmente discípulos e missionários de Jesus Cristo em comunhão”. A comunidade paroquial não pode ser uma superestrutura formal e vazia, mas um todo orgânico que envolve os diversos aspectos da vida. Por isso, independente das inúmeras dificuldades, é urgente que a paróquia se torne, cada vez mais, comunidade de comunidades vivas e dinâmicas de discípulos missionários de Jesus Cristo.
A paróquia como casa - Atualmente, há falta de pertença e até de deserto espiritual que reclama uma casa de acolhida em meio às dificuldades. A paróquia pode e deve ser essa casa, local onde se ouve a convocação feita por Deus, em Cristo, para que todos sejam um e vivam como irmãos. a grande família de Deus, a família dos que “ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 8,21). Paróquia compreendida como casa significa a comunidade- igreja, construída por pedras vivas (cf. 1Pd 2,5), e serve de inspiração para viver a unidade cristã.
Casa da Palavra - A paróquia é a casa da Palavra (cf. Jo 1,14). Como ‘casa da Palavra’, deve-se, antes de tudo, dar atenção à Liturgia sagrada. - Casa do pão - A Igreja se nutre com o pão do corpo de Cristo. A Eucaristia é fonte inesgotável da vocação cristã e do seu impulso missionário. A partir da Eucaristia, cada paróquia chegará a concretizar, em sinais solidários, o seu compromisso social pela prática da caridade. Deus fez a sua morada entre nós (cf. Jo 1,14), nasceu em Belém, a “casa do pão” A comunidade cristã vive da Eucaristia, que une a comunidade pelo Espírito Santo, em Cristo, para chegar ao Pai.
Casa da caridade (ágape) - Na Palavra e na Eucaristia, o cristão vive a dimensão do amor como ágape. Biblicamente, o vocábulo amizade se refere ao amor. O próprio Senhor disse que “ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13). A amizade torna-se, então, expressão do ágape, o centro da charitascristã. Essa amizade se traduz em compaixão pelos que sofrem; assim, nasce a missão.
A paróquia hoje - A paróquia é um instrumento importante para a construção da identidade cristã. É verdade que a origem da paróquia é marcada por um contexto cultural muito diferente do atual. Por isso a paróquia está desafiada a se renovar diante das mudanças de nosso tempo. Em vista da urgência de uma nova evangelização. Sendo instância de acolhimento, a paróquia é o espaço para receber diferentes pessoas, com suas buscas e vivências, que pretendem seguir o caminho. Enquanto espaço da comunidade o sentido da comunhão é indispensável. De igual modo, é preciso reafirmar que, teologicamente, o fundamento da paróquia é ser uma comunidade eucarística, que celebra a presença de Cristo Palavra e Eucaristia, estabelecendo os vínculos de comunhão entre os seus fiéis e remete todos à missão de testemunhar na caridade a verdade professada.
CAPITULO III NOVOS CONTEXTOS: DESAFIOS A PAROQUIA
O discípulo missionário sabe que, para efetivamente anunciar o Evangelho, deve conhecer a realidade à sua volta e nela mergulhar com o olhar da fé, em atitude de discernimento.
Há muitos anos, a Igreja no Brasil intensifica seus esforços para que a paróquia supere os entraves que a impedem de ser missionária. Há paróquias que continuam a concentrar suas atividades principais na liturgia sacramental e nas devoções. Falta-lhes um plano pastoral e a responsabilidade da comunidade concentram-se, exclusivamente, no pároco, não permitindo que os leigos tomem decisões nem assumam compromissos.
Não há uma preocupação missionária Por outro lado, muitas comunidades e paróquias desenvolvem uma liturgia viva e participativa; preocupam-se e atuam com os jovens; despertam muitos serviços e ministérios entre os leigos; têm conselho pastoral e conselho de assuntos econômicos. Nelas, os párocos e seus colaboradores, homens e mulheres, desenvolvem uma pastoral de comunhão e participação. Considerando os três âmbitos da ação evangelizadora, é importante identificar os aspectos da pessoa, da comunidade e da sociedade que importam na renovação paroquial..
3.1. Desafios no âmbito da pessoa - A pessoa vive numa sociedade consumista que afeta sua identidade pessoal e sua liberdade. Acentua-se o egoísmo que desenraiza o indivíduo da comunidade e da sociedade. A vivência da fé, diante do individualismo, é exercida numa religiosidade não institucional e sem comunidade, mais ligada aos interesses de cada pessoa. Isso afeta diretamente a dimensão comunitária da paróquia. Torna-se difícil a vivência cristã quando a pessoa se recusa a se engajar na comunidade ou quando espera apenas resultados imediatos da religião.
a) Intimismo religioso - Não é fácil pensar e viabilizar a paróquia como comunidade de comunidades numa sociedade fragmentada e individualista. As experiências religiosas visam ao sentimentalismo e ao bem-estar. Muitos vivem sua religiosidade frequentando templos sem nenhuma ligação de fraternidade, e outros se conectam apenas pelas mídias. O que conta, para muitas pessoas, é viver o aqui e o agora.
b) Mudanças na família - Muitos casais têm dificuldade de se unirem na fidelidade e no amor, especialmente porque alguns apregoam que o mais importante é ser feliz sem pensar nos demais: amor sem compromisso. Em nossas paróquias participam pessoas unidas sem o vínculo sacramental, outras estão numa segunda união, e há aquelas que vivem sozinhas sustentando os filhos. Outras configurações também aparecem, como avós que criam netos ou tios que sustentam sobrinhos. Crianças são adotadas por pessoas solteiras ou por pessoas do mesmo sexo que vivem em união estável.A Igreja, família de Cristo, precisa acolher com amor todos os seus filhos. Sem esquecer os ensinamentos cristãos sobre a família, é preciso usar de misericórdia. É hora de recordar que o Senhor não abandona ninguém e que, também, a Igreja quer ser solidária nas dificuldades da família.
3.2. Desafios na comunidade - Há diversas concepções sobre o termo comunidade na cultura atual. Especialmente os jovens preferem as comunidades virtuais para se relacionar. Essa realidade implica a revisão da ação pastoral da paróquia. As comunidades primitivas viviam da experiência do encontro com Jesus Cristo que determinava o estilo de vida da comunidade e acabava atraindo novos cristãos. Por isso, o espaço físico não era o mais importante, mas, sim, a alegria dos irmãos por estarem unidos na mesma experiência que determina o espaço da fé.
a) A nova territorialidade: do físico ao ambiental - Hoje, o território físico não é mais importante que o território das relações sociais. O ser humano atual vive marcado pela mobilidade e pelo dinamismo de suas relações. Assim a paróquia, sem prescindir do território, é muito mais o local onde a pessoa vive sua fé, compartilhando com outras pessoas a mesma experiência. O referencial mais importante é o sentido de pertença à comunidade e não tanto o território. Por isso, alguém pode participar de uma paróquia que não seja a do bairro onde reside. Vive-se numa sociedade onde as relações se estabelecem por afinidades e não por territorialidade. O fato de não depender mais do território não diminui a importância do lugar da paróquia como referencial de vivência comunitária da fé. É na comunidade que se constrói a identidade comum e é lá onde crescem os vínculos de convivência. É um lugar de construção comunitária da experiência cristã. Mas é necessário ampliar o conceito para não reduzi-lo a um espaço demarcado e estabilizado. Mesmo situada, a paróquia ultrapassa suas fronteiras em diversos sentidos.
b) Estruturas obsoletas na pastoral - A renovação paroquial exige novas formas de evangelizar tanto o meio urbano como o rural. É urgente pensar novas estruturas pastorais, inclusive em meios rurais, de modo que cuidem das pessoas na atual cultura. Há excesso de burocracia e falta de acolhida em muitas secretarias paroquiais. A administração paroquial, muitas vezes, reduz a função dos presbíteros a administradores da paróquia. Não basta multiplicar ministérios para administrar os sacramentos. Nossas paróquias precisam urgentemente rever questões, como: dar atendimento aos doentes, aos solitários, aos enlutados, aos deprimidos e dependentes químicos. Para que isso aconteça é necessário o efetivo desenvolvimento dos serviços e dos ministérios dos leigos. A evangelização depende muito de uma conversão profunda das pessoas e das comunidades para Cristo, o que é obra da graça, em primeiro lugar.
c) Entre o relativismo e o fundamentalismo - Relativismo e fundamentalismo são sintomas de desenraizamento e fechamento em relação à comunidade. Não raras vezes entende-se a comunidade mais como uma reunião de pessoas para realizar tarefas, compromissos ou serviços religiosos, do que uma comunidade que vive um encontro pessoal com Jesus e se une para uma conversão contínua. Para muitos, a paróquia é vista apenas como uma prestadora de serviços religiosos, um lugar para viver uma espiritualidade sem compromisso ético ou simples cumprimento de preceitos religiosos. O relativismo leva as pessoas a não distinguirem mais o certo do errado, pois tudo é relativo ao entendimento de cada pessoa. Tal realidade provoca o risco de perder o sentido do pecado e da necessidade do Sacramento da Reconciliação. Por outro lado, cresce uma postura mais fundamentalista “que impede de perceber o outro como diferente”.
3.3. Desafios da sociedade - Os índices de pobreza e miséria continuam a desafiar qualquer consciência tranquila. O consumismo e o utilitarismo nas relações sociais deterioram as possibilidades de fraternidade porque geram exclusão e reduzem o ser humano ao valor de mercado. Diminui o interesse pelo bem comum e o compromisso solidário. Não raras vezes, os pobres são considerados supérfluos e descartáveis. Para não perder sua essência, a fé cristã precisa ocupar-se da história, porque nela se realiza a abertura do ser humano para a transcendência. Nesse encontro entre o visível e o invisível, o humano encontra o sentido, a cura e a salvação de toda sua existência. Ainda que a sociedade moderna seja prisioneira do consumismo e do utilitarismo, a Igreja há de se orientar por valores baseados numa sociedade onde a civilização do amor encontre seu espaço e novas oportunidades.
a) A sociedade pós- cristã - Há uma forte tendência no mundo de não se buscar mais o verdadeiro, mas o desejável. Por isso, cresce uma cultura do imediatismo. Nessa sociedade de contrastes, a paróquia, as comunidades e os cristãos precisam rever a forma como comunicam sua fé publicamente.
b) O pluralismo cultural - Diferentes formas de viver e pensar convivem em nossa cultura. O pluralismo nem sempre respeita o outro, e seu exagero pode gerar o indiferentismo. Alguns fiéis católicos frequentam outros cultos e centros religiosos, buscando conforto para suas dificuldades. A sociedade, em tempo de mudanças, é marcada pela instabilidade e pela mobilidade. Diante das incertezas e da carência das condições de vida, procuram soluções imediatas para os problemas do cotidiano.
3.4. A urgência da renovação paroquial - Aumentam as estatísticas daqueles que se declaram sem religião, embora tenham sido batizados na Igreja. Está em crise o sentimento de pertença à comunidade e o engajamento na paróquia. Afetivamente, há pessoas mais ligadas a expressões religiosas veiculadas por mídias católicas. Efetivamente, preferem colaborar economicamente com as campanhas televisivas do que participar do dízimo paroquial. Embora seja indispensável o trabalho de religiosos católicos nas mídias, entra em questão o vínculo e o pertencimento que essa nova modalidade de viver a fé possibilita.
Os desafios, portanto, são externos e internos à comunidade. De fora, sopram os ventos contrários do individualismo, do relativismo, do fundamentalismo, do pluralismo e das mudanças familiares. Internamente, somos desafiados a pôr em prática a conversão pastoral, enfrentando o problema da territorialidade paroquial e da manutenção de estruturas obsoletas à evangelização.
CAPITULO IV PERSPECTIVAS PASTORAIS
É urgente que a paróquia se torne, cada vez mais, comunidade de comunidades vivas e dinâmicas de discípulos missionários de Jesus Cristo.
A renovação paroquial depende da atenção dada ao princípio comunitário da fé. Agora passamos a fazer uma reflexão pastoral com alguns indicativos para a urgente renovação das comunidades paroquiais.
4.1. Recuperar as bases da comunidade cristã - Nos Atos dos Apóstolos, pode ser visto o retrato da primeira comunidade cristã: eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, no partir do pão e nas orações (cf. At 2,42). Há critérios para reconhecer uma comunidade seguidora de Jesus Cristo: Trata-se do múnus profético, sacerdotal e real.
a) Múnus Sacerdotal - Viver da Palavra - A Palavra de Deus ilumina o compromisso com a rede de comunidades e faz pulsar a vida do Espírito nas artérias da Igreja e em meio ao mundo. Uma excelente pedagogia, para aprofundar a relação com a Palavra de Deus, encontra-se nos passos da Leitura Orante da Bíblia: “a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada de oração para que seja possível o diálogo entre Deus e o homem”. Outro desafio está na preparação aos sacramentos. A catequese “tem de ser impregnada e embebida de pensamento, espírito e atitudes bíblicas e evangélicas, mediante um contato assíduo com os próprios textos sagrados”. Só haverá revitalização das comunidades com uma catequese centrada na Palavra de Deus, expressão maior da animação bíblica da pastoral.
b) Múnus Sacerdotal - Viver da Eucaristia - A celebração da Eucaristia é o ponto alto das primeiras comunidades cristãs, que celebram a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte. A Eucaristia é escola de vida cristã. Isso se realiza também com a adoração do Santíssimo Sacramento que é o prolongamento da celebração eucarística. É importante ainda a valorização do Sacramento da Reconciliação, a fim de que toda comunidade se converta sempre mais ao seu Senhor e possa servi-lo melhor, especialmente no cuidado com os pobres. Necessário valorizar mais o domingo, como o Dia do Senhor, em que a família cristã se encontra com o Cristo. O domingo, para o cristão, é o dia da alegria, do repouso e da solidariedade. Não haverá renovação paroquial sem redescobrir a beleza da fé que vence o individualismo, impulsionando a comunidade a superar a mentalidade de viver uma religiosidade sem compromisso eclesial.
c) Munus real- Viver na caridade - A Igreja, expressão da Trindade, é a comunidade da caridade. O amor ao próximo é um dever de toda a comunidade eclesial. “A prática da caridade e da solidariedade exige de todos participação política e o reconhecimento de que a vida econômico-social deve estar a serviço da pessoa humana”. As pessoas têm sede de vida e de felicidade em Cristo. Isso requer voltar-se para aqueles que vivem em condições de vulnerabilidade (SITUAÇÃO DE RISCO), abandonados em sua miséria e em sua dor. Toda paróquia renovada, como rede de comunidades, há de proclamar que Jesus é o Senhor da Vida e que traz a vida em abundância para todos (cf. Jo 10,10).
A comunidade de comunidadesÉ o desafio lançado desde a conferencia episcopal de Puebla e Santo Domingo e que agora o documento de Aparecida enfatizou com mais veemência e vemos com mais evidencia nas Diretrizes da Ação Evangelizadora que a paroquia para se tornar uma verdadeira comunidade de comunidades tem de encarar com muita seriedade os desafios da nova evangelização com muita criatividade, respeito mutuo, a sensibilidade para o momento histórico e a capacidade de agir com rapidez
a) A setorização da paróquia - A grande comunidade, praticamente impossibilitada de manter os vínculos humanos e sociais entre todos, pode ser setorizada em grupos menores que favoreçam uma nova forma de partilhar a vida cristã. A setorização é um meio. Não basta uma demarcação de territórios, é preciso identificar quem vai pastorear, animar e coordenar esses setores, pequenas comunidades. Sem essa preparação, a simples setorização não renova a vida paroquial. Diversas experiências de setorização das paróquias já ocorrem em todo o Brasil. Na maioria delas, a região pastoral é dividida em pequenos grupos que podem se conhecer e se visitar. Em cada grupo, escolhem-se lideranças que animem e façam suscitar novos agentes da comunidade. A formação das lideranças e o apoio da paróquia a essas comunidades são imprescindíveis. Nessa instância, podem ser desenvolvidos muitos serviços e ministérios: o cuidado aos doentes, a visita aos migrantes, a catequese, a celebração da Palavra, o acompanhamento dos enlutados, a devoção mariana, a preocupação com os pobres, a preparação para Natal e a Páscoa, a preparação ao Sacramento do Batismo, a Leitura Orante da Bíblia, a celebração dos aniversários e as confraternizações.
b) Revitalização da comunidade - A revitalização das comunidades, com a renovação paroquial, implica muito mais do que a setorização e a integração das comunidades, dos movimentos e dos grupos. Será preciso uma verdadeira conversão pastoral de todos. A revitalização exige, também, que as pessoas tenham a alegria de se reunirem em torno da Palavra de Deus, especialmente com a Leitura Orante da Bíblia, para que a Palavra determine a caminhada do pequeno grupo. A vida das pequenas comunidades, revitalizadas pela Palavra e alimentadas pela Eucaristia, será o primado do ser sobre o fazer.
A conversão pastoral depende de uma conversão pessoal a Cristo. Só assim será possível ultrapassar uma pastoral de mera conservação ou manutenção, para assumir uma pastoral decididamente missionária; Para que essa realidade aconteça, os bispos, os presbíteros e todo o Povo de Deus precisam assumir sua responsabilidade na revitalização das comunidades.
a) Conversão dos ministros da comunidade - A renovação paroquial depende de um renovado amor à pastoral que os padres podem e devem exercer como expressão da sua própria existência sacerdotal. Os Bispos serão os primeiros a fomentar, em toda Diocese, essa revitalização das comunidades que contribui para a renovação paroquial. Eles são chamados a estimular e apoiar a revitalização das comunidades de suas Dioceses. Eles são os primeiros responsáveis para desencadear o processo da renovação das paróquias, especialmente na missão em direção aos afastados. Os presbíteros, sobretudo o pároco, serão os agentes da revitalização das comunidades. A renovação paroquial requer novas atitudes dos párocos e dos padres que atuam nas comunidades. Em primeiro lugar, o pároco precisa ser um homem de Deus que fez e faz uma profunda experiência de encontro com Jesus Cristo. A revitalização da comunidade supõe que o pároco estimule a participação ativa dos leigos de sua paróquia. Caberá também ao pároco reconhecer as novas lideranças e multiplicar o número de pessoas que realizam os diferentes ministérios nas comunidades. Não raras vezes, quando ocorre a transferência do pároco, tudo é mudado na comunidade. A conversão pastoral, ao permitir maior participação do leigo, há de superar esse sério problema, respeitando o plano de pastoral paroquial em sintonia com o plano diocesano de pastoral.
b) Protagonismo dos cristãos leigos - A conversão pastoral da paróquia em comunidade de comunidades supõe o protagonismo dos leigos. O empenho para que haja a participação de todos nos destinos da comunidade supõe reconhecer a diversidade de carismas, de serviços e de ministérios dos leigos.
Transformar as estruturas
A conversão pastoral supõe considerar a importância dos processos participativos de todos os membros da comunidade. Para desencadear essa participação, é preciso estimular o funcionamento dos conselhos comunitários e paroquiais de pastoral, bem como a assembleia paroquial. Igualmente, o conselho de assuntos econômicos da paróquia é determinante para o bom funcionamento e planejamento financeiro da comunidade. Integrado ao conselho paroquial de pastoral, o conselho de assuntos econômicos saberá planejar o investimento de recursos nas urgências e não apenas nos recursos materiais da comunidade. Não pode haver dissonância entre o conselho paroquial de pastoral e o de assuntos econômicos. Para isso, o conselho paroquial de pastoral será formado por discípulos missionários. O conselho de assuntos econômicos, junto com toda a comunidade paroquial, trabalhará para obter os recursos necessários de maneira que a missão avance e se faça realidade em todos os ambientes. Para tanto, é urgente superar a mentalidade que prioriza construções e obras materiais e abdica de investir na formação das pessoas. Os leigos precisam ser apoiados, em suas comunidades, seja para a realização de cursos e encontros, seja para manter a unidade com a Diocese, seja para aprofundar o conhecimento de seu serviço e de pastoral. A questão da manutenção também exige novas posturas. Comunidades e paróquias sentem o peso econômico para o sustento das estruturas pastorais. Será preciso desenvolver fundos de solidariedade entre as paróquias e as comunidades da Diocese. Paróquias mais antigas e estáveis economicamente têm o dever missionário de partilhar seus recursos, para que outras comunidades possam crescer e se estabelecer. Não se trata apenas de uma partilha esporádica, mas de uma forma organizada de ajuda mútua entre as comunidades da mesma paróquia e entre as paróquias da Diocese. .
A transmissão da fé: novas linguagens
É também importante promover uma comunicação mais direta e objetiva, principalmente, nas homilias alicerçadas na Palavra de Deus e na vida. Isso implica cuidar do conteúdo e das técnicas de comunicação. Comunidade missionária é comunidade acolhedora. Diante do grande número de batizados afastados da vida comunitária, urge exercer melhor a acolhida, dialogando e propondo caminhos para aqueles que se sentem distanciados do caminho. Muita gente procura os sacramentos, mas vive afastada da comunidade. Essa é uma importante oportunidade de aproximar os afastados.
Proposições
Os Bispos, em 2012, falando sobre a Nova Evangelização, alertou que os novos contextosnão implicam inventar novas estratégias para apresentarmelhor o Evangelho, como se fosse um novo produto. Muito mais que isso, se trata da importante tarefa depromover o encontro das pessoas com Jesus Cristo, paraque renovem sua fé e acolham sua proposta de vida.
a) Criatividade - Usar a criatividade para atender melhor as pessoas que vivem em diferentes ritmos da vida diária. Adaptar-se aos horários do movimento urbano: missas ao meio-dia, atendimento do padre à noite, catequese de crianças e adultos em horários alternativos, especialmente nas grandes cidades. Valorizar a beleza e a simplicidade dos espaços da comunidade, pois o ser humano vive marcado pela cultura do belo. Oferecer espaços para a meditação, a adoração ao Santíssimo, a oração pessoal. Criar clima favorável e tempos propícios para quem procura as comunidades cristãs.
b) Pequenas comunidades - Procurar criar novas comunidades a partir de grupos que se reúnem para viver a sua fé, alimentar sua espiritualidade e crescer na convivência. A setorização pode ser estabelecida pela vizinhança do bairro ou pelos moradores de condomínios, mas também por afinidades sem delimitação territorial, como jovens, universitários, idosos, casais, etc. O importante é criar comunidades com pessoas que se integrem para melhor viver a fé cristã.
c) Ministérios leigos - Para que as comunidades possam ser bem atendidas aos leigos podem ser confiados ministérios e responsabilidades “para prestar auxílio a toda a iniciativa apostólica e missionária da sua comunidade eclesial”. Destaque especial deve ser dado ao ministério da Palavra, por meio do qual homens e mulheres tornam-se autênticos animadores de comunidades. Para cumprir sua missão, eles precisam estar bem preparados, isto é, terem sólida formação doutrinal, pastoral e espiritual. Os melhores esforços das paróquias precisam estar voltados à convocação e a formação dos leigos das comunidades.
d) Formação - A renovação da paróquia e das comunidades depende de agentes de pastoral preparados para essa nova mentalidade. É necessário reforçar uma clara e decidida opção pela formação de todos os membros das comunidades. Hoje, é indispensável a interação na qual a pessoa não é apenas informada, mas aprende a formar-se junto com os outros. Métodos, pedagogias interativas e participativas precisam ser desenvolvidos entre as lideranças cristãs, para que promovam a participação na comunidade. Essas metodologias devem considerar especialmente a prática das comunidades e as experiências de vida das pessoas, formando a consciência sobre o valor da vida comunitária para a fé cristã.
e) Catequese de Iniciação à vida cristã - Para que as comunidades sejam renovadas, a catequese deve ser uma prioridade. A catequese, como iniciação à vida cristã, ainda é desconhecida em muitas comunidades. Trata-se de passar da catequese como instrução e adotar a metodologia catecumenal, conforme a orientação do Ritual da iniciação cristã de adultos (RICA) e do Diretório Nacional da Catequese. Isso implica em rever os processos de catequese das crianças, dos adolescentes, dos jovens e dos adultos. É indispensável seguir as etapas do RICA.
f) Jovens - A paróquia precisa ter abertura para a presença e a atuação dos jovens na vida das comunidades. Tal atitude exige fazer uma opção afetiva e efetiva pela juventude, considerando suas potencialidades. Para isso, é importante garantir espaços adequados para ela nas paróquias, com atividades, metodologias e linguagens próprias, assegurando o envolvimento e a participação dos jovens nas comunidades.
g) Liturgia - Propiciar que a celebração eucarística seja compreendida como um real encontro de Cristo com sua comunidade reunida. Cuidar da beleza da liturgia significa ficar atento aos cânticos, aos símbolos e aos ritos dos sacramentos. As celebrações litúrgicas favoreçam a linguagem do Mistério, o que implica não exceder nas falas, explicações e comentários. Tal função da liturgia haverá de se dar pela escuta da Palavra de Deus. Especial importância adquire a homilia centrada nas leituras da Bíblia, proclamada na celebração e comprometida com a realidade. Ela precisa ser breve e capaz de falar com a linguagem dos homens e das mulheres da cultura atual. Pela homilia, a comunidade é levada a descobrir a presença e a eficácia da Palavra de Deus em sua vida. Quem recebe a missão de pregar evite discursos genéricos e abstratos, que ocultam a simplicidade da Palavra de Deus, ou divagações inúteis que ameaçam atrair a atenção mais para o pregador do que para a mensagem evangélica. Isso implica preparar a homilia com meditação e oração, a fim de pregar com convicção e paixão.A valorização da piedade popular nas comunidades é importante. O Papa Bento XVI estimulou-nos a promovê-la e a protegê-la. Entretanto, é preciso aprofundar as devoções para que conduzam à experiência do mistério pascal, na centralidade de Jesus Cristo, numa vivência religiosa integrada na Igreja. Muitas devoções podem ficar reduzidas a manifestações de religiosidade com pouco ou nenhum vínculo eclesial. Nas pequenas comunidades, há muito espaço para viver criativamente a piedade popular: a devoção à Virgem Maria, as novenas, os círculos bíblicos, as preparações para o Natal e à Páscoa e as Vias-Sacras são exemplos da riqueza que pode ser aproveitada na vida das pequenas comunidades; são atividades que podem ser coordenadas por leigos e leigas.
h) A caridade - A comunidade cristã há de marcar sua presença pública no serviço em favor e no cuidado da vida. A paróquia evangeliza através do exercício da caridade. Sem dispensar as muitas iniciativas já existentes na prática da caridade, as paróquias devem cuidar para acolher fraternalmente a todos, especialmente aqueles que estão caídos na beira do caminho. Dependentes químicos, migrantes, desempregados, dementes, moradores de rua, sem-terra, doentes e idosos abandonados são alguns rostos que clamam para que a comunidade lhes apresente, concretamente, as atitudes do Bom Samaritano. Valorizar a família, santuário da vida, os grupos de casais que se apoiam mutuamente, promovendo encontros entre as famílias, são exemplos de iniciativas para conscientizar as pessoas sobre a importância da família na vida de cada um. Acolher, orientar e incluir nas comunidades aqueles que vivem numa outra configuração familiar são os desafios do presente.
i) Perdão e Acolhida - A acolhida é uma atitude que toda comunidade renovada há de cultivar. Acolher melhor é uma tarefa urgente de todas as comunidades paroquiais, especialmente nas secretarias, superando a burocracia, a frieza, a impessoalidade e estabelecendo relações mais personalizadas. Muitas pessoas procuram a Igreja nos momentos difíceis. A comunidade cristã precisa acolhê-las com carinho para superar os desafios que despersonalizam o cidadão. Disso decorre a necessidade de oferecer, com maior frequência, o Sacramento da Reconciliação aos fiéis. Assim, as conversões e as mudanças de vida serão acompanhadas pela graça sacramental. O atendimento individualizado oportunizará um acompanhamento espiritual e uma orientação para a vida em comunidade. Daí a necessidade de ampliar os espaços e tempos do padre para atender mais às pessoas que buscam a comunidade. Essa missão depende da urgente alteração da agenda do pároco que pode delegar funções administrativas para leigos. Igualmente, é importante cuidar da pastoral da acolhida, da escuta e do aconselhamento. O que implicará preparar pessoas leigas e consagradas que tenham o dom de escutar para acolher aqueles que procuram a comunidade. O aconselhamento pastoral com pessoas habilitadas é uma urgência nas paróquias.É urgente pensar em atrair aqueles que se afastaram da comunidade ou os que a concebem apenas como uma referência para serviços religiosos. Ocasião especial para acolher os afastados pode ser: a iniciação à vida cristã dos adultos; a preparação de pais e de padrinhos para o batismo de seus filhos; a preparação de noivos para o Sacramento do Matrimônio; as exéquias; e a formação de pais de crianças e de jovens da catequese. Há também a necessidade de dialogar com as pessoas que se interrogam sobre Deus e sobre o sentido da vida. Isso implica abrir instâncias de diálogo com a cultura atual.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Jesus Cristo é nossa razão de ser, origem de nosso agir, motivo de nosso pensar e sentir. Nele, com ele e a partir dele mergulhamos no mistério trinitário, construindo nossa vida pessoal e comunitária
236. A paróquia é a grande escola da fé, da oração, dos valores e dos costumes cristãos. Nela vive a Igreja reunida em torno do Senhor. Ela existe para unir os cristãos ao seu Senhor e atrair muitos outros para essa grande família de Deus, a Igreja: sacramento da salvação. Afinal, a paróquia continua sendo uma referência importante para o povo cristão, inclusive para os não praticantes. Ela pode se tornar um farol sempre mais luminoso, especialmente em tempos de incertezas e inseguranças. Na paróquia, cada pessoa deveria ter a possibilidade de fazer o encontro com Jesus Cristo e integrar-se na comunidade dos seus seguidores.
237. A paróquia, contudo, precisa de uma renovação urgente. As mudanças da realidade clamam por uma nova organização, especialmente articulada em pequenas comunidades, capazes de estabelecer vínculos entre as pessoas que convivem na mesma fé. Entretanto, mesmo setorizada, a paróquia depende de uma nova evangelização, de uma ousadia missionária capaz de fortalecer o testemunho e estimular o anúncio. Isso implica renovar o ministério do pároco, pastor e animador do povo que lhe foi confiado. Ele precisa promover a participação dos leigos na vida e nas decisões da comunidade. Sugere, também, que se favoreçam os ministérios e os serviços na comunidade.
238. A paróquia como comunidade de comunidades, precisa integrar as comunidades religiosas, as associações religiosas, as CEBs, os movimentos, as pastorais sociais, as novas comunidades de vida e de aliança, os hospitais, as escolas e as universidades, além das comunidades ambientais. Para que todos vivam na pluralidade da experiência de fé, na diversidade de carismas e de dons, a unidade indispensável à vida cristã. Os dois grandes desafios que se impõem são acolher essas múltiplas formas de vida cristã como uma riqueza de dons que o Espírito Santo oferece à Igreja e manter unidos os diferentes grupos, para que, em tudo, a caridade de Cristo seja testemunhada publicamente.
239. Finalmente, é preciso olhar para o futuro da paróquia, como comunidade de comunidades, com esperança de vencer o vazio e o deserto de muitas pessoas. A crise de valores é notável. E, apesar de o Brasil ter muita expressão de religiosidade, também aqui se percebe o quanto a fé não decide mais os destinos da vida social e da pessoal. Vive-se um tempo de buscas, mas com base em decisões privadas de referências da fé.
240. Confiando na ação do Espírito Santo, as paróquias têm condições de compreender que esse é o tempo oportuno para uma nova evangelização. Há muita sede e, em Cristo, há a água que sacia toda sede humana. Compete a elas, como rede de comunidades, facilitar o acesso a essa Água Viva. Feliz a comunidade que é um poço dessa Água Viva, do qual todos podem se aproximar para saciar sua sede.
241. Como no tempo dos apóstolos, a Mãe da Igreja permanece unida a todos aqueles que perseveram na comunhão fraterna, na fração do pão e na oração, suplicando que o Espírito Santo conduza os caminhos da nova evangelização. Sob o olhar da Mãe de Deus, a Senhora Aparecida, a Igreja no Brasil renova a sua esperança de cumprir a vontade do Pai, na fidelidade a Jesus Cristo e na força do Espírito Santo, para que nossas paróquias sejam, de fato, comunidade de comunidades.
242. Acreditando que para Deus nada é impossível, é importante vencer o pessimismo da situação. Ele mesmo renova todas as coisas. É hora de renovarmos as paróquias para que se organizem em comunidades e favoreçam as multiformes manifestações da vida cristã. Uma nova realidade implica um novo entusiasmo por Deus e por seu Reino, isto é, uma nova evangelização, alinhada com a renovação espiritual e a conversão pastoral. Somos uma Igreja em caminho que sabe onde deve aportar: a Santíssima Trindade, onde Deus será tudo em todos (cf. 1Cor 15,28).
peraimundo@hotmail.com
Pe. Raimundo Santana

DOCUMENTO DE APARECIDA CAPITULO 02 EM PARTES


94. Como Igreja que assume a causa dos pobres, estimulamos a participação dos indígenas e afroamericanos
na vida eclesial Vemos com esperança o processo de inculturação discernido à luz do
magistério. É prioritário fazer traduções católicas da Bíblia e dos textos litúrgicos nos idiomas desses
povos. Necessita-se, igualmente, promover mais as vocações e os ministérios ordenados procedentes
destas culturas.

95. Nosso serviço pastoral à vida plena dos povos indígenas exige que anunciemos a Jesus Cristo e a
Boa Nova do Reino de Deus, denunciemos as situações de pecado, as estruturas de morte, a
violência e as injustiças internas e externas e fomentemos o diálogo intercultural, interreligioso e
ecumênico. Jesus Cristo é a plenitude da revelação para todos os povos e o centro fundamental de
referência para discernir os valores e as deficiências de todas as culturas, incluindo as indígenas. Por
isso, o maior tesouro que podemos oferecer a eles é que cheguem ao encontro com Jesus Cristo
ressuscitado, nosso salvador. Os indígenas que já receberam o Evangelho, como discípulos e
missionários de Jesus Cristo, são chamados a viver com imensa alegria sua realidade cristã, a explicar
a razão de sua fé em meio a suas comunidades e a colaborar ativamente para que nenhum povo
indígena da América Latina renegue sua fé cristã, mas ao contrário, sintam que em Cristo encontram
o sentido pleno de sua existência.

96. A história dos afro-americanos tem sido atravessada por uma exclusão social, econômica, política
e, sobretudo, racial, onde a identidade étnica é fator de subordinação social. Atualmente, são
discriminados na inserção do trabalho, na qualidade e conteúdo da formação escolar, nas relações
cotidianas e, além disso, existe um processo de ocultamento sistemático de seus valores, história,
cultura e expressões religiosas. Permanece, inclusive, nos imaginários coletivos uma mentalidade e
23
um olhar colonial com respeito aos povos originários e afro-americanos. Desse modo, descolonizar as
mentes, o conhecimento, recuperar a memória histórica, fortalecer os espaços e relacionamentos

inter-culturais, são condições para a afirmação da plena cidadania destes povos.

EVANGELHO DESTA SEGUNDA FEIRA DIA 30 DE JUNHO

Dia Litúrgico: Segunda-feira da 13ª semana do Tempo Comum
Evangelho (Mt 8,18-22): Vendo uma grande multidão ao seu redor, Jesus deu ordem de passar para a outra margem do lago. Nisso, um escriba aproximou-se e disse: «Mestre, eu te seguirei aonde fores». Jesus lhe respondeu: «As raposas têm tocas e os pássaros do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça». Um outro dos discípulos disse a Jesus: «Senhor, permite-me que primeiro eu vá enterrar meu pai». Mas Jesus lhe respondeu: «Segue-me, e deixa que os mortos enterrem os seus mortos».
Comentário: Rev. D. Jordi PASCUAL i Bancells (Salt, Girona, Espanha)
Segue-me
Hoje o Evangelho apresenta-nos —através de dois personagens— uma qualidade do bom discípulo de Jesus: o desprendimento dos bens materiais. Mas antes, o texto de São Mateus dá-nos um detalhe que não posso passar por alto: «Vendo uma grande multidão ao seu redor...» (Mt 8,18). As multidões se reúnem perto do Senhor para escutar a sua palavra, ser curados das suas doenças materiais e espirituais; buscam a salvação e um alento de Vida eterna no meio dos vaivens deste mundo.

Como então, algo parecido passa no nosso mundo de hoje em dia: todos —mais ou menos conscientemente— temos necessidade de Deus, de saciar o coração dos bens verdadeiros, como são o conhecimento e o amor de Jesus e uma vida de amizade com Ele. Se não, caímos na armadilha que quer encher o nosso coração de outros “deuses” que não podem dar sentido a nossa vida: o celular, Internet, as viagens, o trabalho sem medida para ganhar mais e mais dinheiro, o automóvel que seja melhor que o do vizinho, o ginásio para conseguir o corpo mais esbelto do país... É o que passa a muitos atualmente.

Em contraste, ressoa o grito do Papa João Paulo II que com força e confiança disse à juventude: «Se pode ser moderno e profundamente fiel a Jesus». Para isso é preciso, como o Senhor, o desprendimento de tudo o que nos ata a uma vida por demais materializada e que fecha as portas ao Espírito.

«O Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça (...). Segue-me» (Mt 8,22), é o que nos diz o Evangelho de hoje. São Gregório Magno recorda-nos: «Tenhamos as coisas temporais para o uso, as eternas no desejo; sirvamo-nos das coisas da terra para o caminho, e desejemos as eternas para o fim da jornada». É um bom critério para examinar o nosso seguimento de Jesus. 

DOCUMENTO 104 - CONTINUAÇÃO



79. O Deus que caminhou no deserto com o Povo de Israel fez
a sua morada entre nós (cf. Jo 1,14). Mostrou- se solidário
conosco, fez- se um de nós; nasceu em Belém, a “casa do
pão”; peregrinou pelas estradas da Galileia e da Judeia;
providenciou a palavra e o alimento para os cansados e
abatidos. A Igreja, morada de Deus, casa do pão, precisa,
como seu Senhor, acolher os peregrinos, oferecer pão aos
que têm fome, dizer uma palavra signifi cativa para os que
estão em busca de um sentido para a vida.

80. A comunidade cristã vive da Eucaristia: “A fé da Igreja é
essencialmente fé eucarística e alimenta- se, de modo particular,
à mesa da Eucaristia. A fé e os sacramentos são dois
aspectos complementares da vida eclesial”.37 Igualmente
o é a Eucaristia que une a comunidade pelo Espírito Santo,
em Cristo, para chegar ao Pai: “É signifi cativo o modo
como a Oração Eucarística II, ao invocar o Paráclito, formula
a prece pela unidade da Igreja: “[...] participando no
corpo e sangue de Cristo, sejamos reunidos, pelo Espírito
Santo, num só corpo”.38

c) Casa da caridade (ágape)

81. Na Palavra e na Eucaristia, o cristão, nova criatura pelo
Batismo, vive numa nova dimensão na relação com Deus
e com o próximo: a dimensão do amor como ágape. Jesus
disse: “Já não vos chamo servos [...]. Eu vos chamo amigos”
(Jo 15,15). A amizade é o paradigma de todo relacionamento
de Jesus com os discípulos39 e de Deus com a
humanidade. Diante do pecado da humanidade, Deus não
se torna seu inimigo, mas, pela encarnação de Jesus Cristo,
37 SC, n. 6.
38 SC, n. 15.
39 DCE, n. 3.
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Comunidade de Comunidades: Uma nova Paróquia
se revela como o Deus conosco que, em Jesus, se faz amigo
e irmão. A Igreja é a comunidade santa (cf. 1Pd 2,9;
Ef 1,18) porque nela se vive o amor. Deus oferece- nos,
em seu Filho Jesus, a graça de sermos fi lhos e fi lhas adotivos,
vocacionados, portanto, à santidade que é a vida de
união com Deus e a partir daí com os irmãos e as irmãs,
e toda a Criação.

82. Biblicamente, o vocábulo amizade se refere ao amor. O
próprio Senhor disse que “ninguém tem maior amor do
que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13). A
amizade torna- se, então, expressão do ágape, o centro da
charitas cristã. Essa amizade se traduz em compaixão pelos
que sofrem; assim, nasce a missão: o Deus amigo convoca
a humanidade para derrubar as barreiras que impedem a
fraternidade evangélica.

Evangelii Gaudium



134. As universidades são um âmbito privilegiado para pensar e desenvolver este compromisso de evangelização de modo interdisciplinar e inclusivo. As escolas católicas, que sempre procuram conjugar a tarefa educacional com o anúncio explícito do Evangelho, constituem uma contribuição muito válida para a evangelização da cultura, mesmo em países e cidades onde uma situação adversa nos incentiva a usar a nossa criatividade para se encontrar os caminhos adequados.
2. A homilia
135. Consideremos agora a pregação dentro da Liturgia, que requer uma séria avaliação por parte dos Pastores. Deter-me-ei particularmente, e até com certa meticulosidade, na homilia e sua preparação, porque são muitas as reclamações relacionadas com este ministério importante, e não podemos fechar os ouvidos. A homilia é o ponto de comparação para avaliar a proximidade e a capacidade de encontro de um Pastor com o seu povo. De facto, sabemos que os fiéis lhe dão muita importância; e, muitas vezes, tanto eles como os próprios ministros ordenados sofrem: uns a ouvir e os outros a pregar. É triste que assim seja. A homilia pode ser, realmente, uma experiência intensa e feliz do Espírito, um consolador encontro com a Palavra, uma fonte constante de renovação e crescimento.

domingo, 29 de junho de 2014

NOVO DOCUMENTO PONTIFICIO

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VENDA DO BOLO DO SAGRADO CORAÇÃO

Eu sempre falo nas minhas pregações sobre a importância dessas senhoras que trabalham com afinco na paróquia. Pessoas que já estão ha muito tempo conosco, algumas eu conheço desde que eu fiz o meu noviciado aqui na Igreja dos Frades. Pois bem, elas mais uma vez surpreendem com o bolo do Sagrado Coração de Jesus. O bolo esta à venda hoje, domingo, no salão de festas . Veja abaixo algumas fotos tiradas no primeiro momento da venda do bolo.












DOCUMENTO DE APARECIDA CAPITULO 02 EM PARTES


90. Hoje, os povos indígenas e afros estão ameaçados em sua existência física, cultural e espiritual;
em seus modos de vida; em suas identidades; em sua diversidade; em seus territórios e projetos.
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Algumas comunidades indígenas se encontram fora de suas terras porque elas foram invadidas e
degradadas, ou não tem terras suficientes para desenvolver suas culturas. Sofrem graves ataques a
sua identidade e sobrevivência, pois a globalização econômica e cultural coloca em perigo sua
própria existência como povo diferentes. Sua progressiva transformação cultural provoca o rápido
desaparecimento de algumas línguas e culturas. A migração, forçada pela pobreza, está influindo
profundamente na mudança de seus costumes, de relacionamentos e inclusive de religião.

91. Os indígenas e afro-americanos emergem agora na sociedade e na Igreja. Este é um “kairós” para
aprofundar o encontro da Igreja com estes setores humanos que reivindicam o reconhecimento
pleno de seus direitos individuais e coletivos, serem levados em consideração na catolicidade com
sua cosmovisão, seus valores e suas identidades particulares, para viver um novo Pentecostes
eclesial.

92. Já em Santo Domingo os pastores reconheciam que “os povos indígenas cultivam valores
humanos de grande significado”29; valores que “a Igreja defende... diante da força dominadora das
estruturas de pecado manifestas na sociedade moderna”30; “são possuidores de inumeráveis
riquezas culturais, que estão na base de nossa identidade atual”31; e, a partir da perspectiva da fé,
“estes valores e convicções são fruto de ‘sementes do Verbo’, que já estavam presentes e operavam
em seus antepassados”32.

93. Entre eles podemos assinalar: “abertura à ação de Deus pelos frutos da terra, o caráter sagrado
da vida humana, a valorização da família, o sentido de solidariedade e a co-responsabilidade no
trabalho comum, a importância do cultual, a crença em uma vida ultra terrena”33. Atualmente, o
povo tem enriquecido amplamente estes valores através da Evangelização e os tem desenvolvido em

múltiplas formas de autêntica religiosidade popular.

DOCUMENTO 104 - CONTINUAÇÃO


77. Enquanto é comunidade atraída pela voz do seu Senhor,
a Igreja escuta, acolhe e vive a Palavra, sendo a liturgia
o lugar privilegiado para essa comunicação: “Considerando
a Igreja como ‘casa da Palavra’, deve- se, antes de
tudo, dar atenção à Liturgia sagrada, que constitui, efetivamente,
o âmbito privilegiado onde Deus nos fala no
momento presente da nossa vida: fala hoje ao seu povo,
que escuta e responde”.36

b) Casa do pão

78. A Igreja se nutre com o pão do corpo de Cristo. Na Eucaristia,
se estabelecem as novas relações que o Evangelho
propõe a partir da fi liação divina que o cristão recebe do
Pai em Cristo. A fraternidade é a expressão da comunhão
com Deus que se estende na comunhão com os irmãos e
as irmãs. Jesus nos atrai para si e nos faz entrar em seu
dinamismo em relação a Deus e ao próximo. A Eucaristia
é fonte inesgotável da vocação cristã e do seu impulso
missionário. A partir da Eucaristia, cada paróquia chegará
a concretizar, em sinais solidários, o seu compromisso social
pela prática da caridade.
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Comunidade de Comunidades: Uma nova Paróq

Evangelii Gaudium


Cultura, pensamento e educação
132. O anúncio às culturas implica também um anúncio às culturas profissionais, científicas e académicas. É o encontro entre a fé, a razão e as ciências, que visa desenvolver um novo discurso sobre a credibilidade, uma apologética original que ajude a criar as predisposições para que o Evangelho seja escutado por todos. Quando algumas categorias da razão e das ciências são acolhidas no anúncio da mensagem, tais categorias tornam-se instrumentos de evangelização; é a água transformada em vinho. É aquilo que, uma vez assumido, não só é redimido, mas torna-se instrumento do Espírito para iluminar e renovar o mundo.
133. Uma vez que não basta a preocupação do evangelizador por chegar a cada pessoa, mas o Evangelho também se anuncia às culturas no seu conjunto, a teologia – e não só a teologia pastoral – em diálogo com outras ciências e experiências humanas tem grande importância para pensar como fazer chegar a proposta do Evangelho à variedade dos contextos culturais e dos destinatários. A Igreja, comprometida na evangelização, aprecia e encoraja o carisma dos teólogos e o seu esforço na investigação teológica, que promove o diálogo com o mundo da cultura e da ciência. Faço apelo aos teólogos para que cumpram este serviço como parte da missão salvífica da Igreja. Mas, para isso, é necessário que tenham a peito a finalidade evangelizadora da Igreja e da própria teologia, e não se contentem com uma teologia de gabinete.

sábado, 28 de junho de 2014

EVANGELHO DESTE DOMINGO DIA 29 DE JUNHO

                  
1413 Pedro e Paulo:  O Primado

A Liturgia de hoje celebra a festa solene de dois apóstolos,
que tiveram uma presença marcante na Igreja primitiva:
São Pedro e São Paulo.
PEDRO, DISCÍPULO de Jesus,
escolhido por ele como o primeiro Papa e
PAULO, o primeiro MISSIONÁRIO,
que levou a Igreja ao mundo.
Os dois personificaram a identidade da Igreja, como discípulo e missionário.
A celebração de hoje é muito antiga, anterior até a própria festa do Natal.

As Leituras bíblicas falam desses dois grandes apóstolos:

Na 1a Leitura, aparece PEDRO: preso pelas autoridades...
para agradar os judeus... com data marcada para morrer. (At 12,1-11)

- Vemos o Testemunho, que gera oposição e perseguição.
- a Atitude da Igreja, que unida e solidária reza por Pedro.
- a Presença efetiva de Deus, na comunidade da Igreja, que atende e liberta...

Na 2a Leitura, PAULO: (também preso, prestes a morrer, ano 67),
escreve um Testamento espiritual de sua vida a serviço do Evangelho,
um caminho a ser seguido por todos os cristãos...
    "Estou pronto... chegou a minha hora... combati o bom combate...
      terminei a corrida... conservei a fé... E agora aguardo o prêmio dos justos.
      O Senhor esteve comigo... a ele GLÓRIA..." (2Tm 4,6-8.17-18)

No Evangelho, Cristo confere a PEDRO o Primado sobre a Igreja. (Mt 16,13-19)

O texto é uma Catequese sobre o Papel eclesial de Pedro. Tem duas partes:

1. de caráter cristológico: Define a identidade de JESUS: "Quem sou eu"?
   - Na perspectiva dos homens, Jesus é apenas um HOMEM bom e justo...
   - Na opinião dos discípulos: "Jesus é o CRISTO, o Filho de DEUS".
     O Messias esperado por Israel para libertar e salvar o seu povo,
     Filho de Deus: profunda unidade e intimidade entre Jesus e o Pai...
     * Quem é Jesus para nós? Que lugar ele ocupa em nossa vida?

2. de caráter eclesiológico: A IGREJA é convocada à volta de Pedro:
     "Pedro, és a Rocha (pedra) sobre a qual edificarei a minha Igreja".
   - Essa "Rocha" é a fé que Pedro e a comunidade dos discípulos professaram:
     A fé em Jesus como Messias, Filho de Deus vivo.
   - "O Poder da morte nunca poderá vencê-la".
      Jesus garante a estabilidade e a firmeza da Igreja frente às forças do mal.
   - "O poder das chaves": Revela a futura missão de Pedro:
      "Pedro recebe 'as chaves do Reino' e ocupa o primeiro lugar,
        com a missão de guardar a fé na sua integridade e
        de confirmar os seus irmãos". (CCIC 109)
    - "Atar e desatar": A Pedro e à Comunidade é confiado o poder
  de interpretar as palavras de Jesus, de adaptar os ensinamento de Jesus
  aos desafios do mundo e acolher na comunidade todos aqueles
  que aderem à proposta de Salvação, que Jesus oferece.
   *A IGREJA é a Comunidade dos discípulos que reconhecem Jesus
     como "o Messias, o Filho de Deus".

+ A Bíblia nos fala da vocação e da atividade deles:

SÃO PEDRO: Simão era um pescador de Betsaida, estabelecido em Cafarnaum.
Cristo lhe muda o nome e o chama "Pedra", porque teria a missão de ser
a "pedra fundamental" da futura comunidade que chamaria de Igreja.
Simão Pedro é uma das primeiras testemunhas que vê o sepulcro vazio
e merece uma aparição especial de Jesus ressuscitado.
Depois da ascensão, ele toma a direção da comunidade cristã e
é o primeiro a tomar consciência da necessidade de abrir a Igreja aos pagãos. Essa missão espiritual não o livra das deficiências do seu temperamento.
Paulo não hesita em contradizê-lo na famosa discussão de Antioquia,
para convidá-lo a libertar-se das práticas judaicas.
Quando Pedro vai a Roma torna-se o apóstolo de todos.
Cumpre, então, plenamente, sua missão de "pedra angular", reunindo num
só "edifício" os judeus e os pagãos e ratifica esta missão com seu sangue.

SÃO PAULO chega a Jesus por um caminho diferente.
Conhece-o como um adversário, que deve ser combatido,
como aquele que anuncia um deus diferente dos mestres de Israel...
Um dia no caminho de Damasco é iluminado por uma luz do alto e
compreende que Jesus crucificado é o Messias de Deus.
A partir daquele momento torna-se um Discípulo fiel e
um ardoroso Missionário que percorre, em quatro ou cinco viagens,
o mundo conhecido de então, pregando o Evangelho
e fundando novas comunidades cristãs.

+ A IGREJA continua a OBRA de Cristo...
Na Igreja, Pedro e seus sucessores são os chefes visíveis,
aos quais Cristo conferiu um poder e uma autoridade especial.
Eles deverão se constituir um sinal de unidade da comunidade
edificada por Cristo. "Aquele que preside à caridade". (Irineu de Lion)

Por isso, nesse dia em que a Liturgia relembra esses baluartes da Igreja primitiva, celebramos também o DIA DO PAPA.

Hoje o Papa continua a Missão de Pedro e o Testemunho de Paulo,
com fidelidade e zelo, como pastor e guia.
Gratidão ao Senhor pela presença e pela vida do Papa Francisco.
A Igreja vive outros tempos com o carisma e testemunho deste simples homem que abraça a todos no seguimento a Jesus, humilde e pobre.


                                 Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 29.07.2014