sexta-feira, 2 de maio de 2014

EVANGELLI GAUDIUM

7. A tentação apresenta-se, frequentemente, sob forma de desculpas e queixas, como se tivesse
de haver inúmeras condições para ser possível a alegria. Habitualmente isto acontece, porque
“a sociedade técnica teve a possibilidade de multiplicar as ocasiões de prazer; no entanto ela
encontra dificuldades grandes no engendrar também a alegria”. Posso dizer que as alegrias mais
belas e espontâneas, que vi ao longo da minha vida, são as alegrias de pessoas muito pobres
que têm pouco a que se agarrar. Recordo também a alegria genuína daqueles que, mesmo no
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meio de grandes compromissos profissionais, souberam conservar um coração crente, generoso
e simples. De várias maneiras, estas alegrias bebem na fonte do amor maior, que é o de Deus, a
nós manifestado em Jesus Cristo. Não me cansarei de repetir estas palavras de Bento XVI que nos
levam ao centro do Evangelho: “Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande
ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte
e, desta forma, o rumo decisivo”.

8. Somente graças a este encontro – ou reencontro – com o amor de Deus, que se converte em
amizade feliz, é que somos resgatados da nossa consciência isolada e da auto-referencialidade.
Chegamos a ser plenamente humanos, quando somos mais do que humanos, quando permitimos
a Deus que nos conduza para além de nós mesmos a fim de alcançarmos o nosso ser mais verdadeiro.
Aqui está a fonte da acção evangelizadora. Porque, se alguém acolheu este amor que lhe
devolve o sentido da vida, como é que pode conter o desejo de o comunicar aos outros?

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