sexta-feira, 9 de maio de 2014

Evangelii Gaudium

2. Pastoral em conversão

25. Não ignoro que hoje os documentos não suscitam o mesmo interesse que noutras épocas,
acabando rapidamente esquecidos. Apesar disso sublinho que, aquilo que pretendo deixar expresso
aqui, possui um significado programático e tem consequências importantes. Espero que
todas as comunidades se esforcem por actuar os meios necessários para avançar no caminho
duma conversão pastoral e missionária, que não pode deixar as coisas como estão. Neste momento,
não nos serve uma “simples administração”. Constituamo-nos em “estado permanente de
missão”, em todas as regiões da terra.
26. Paulo VI convidou a alargar o apelo à renovação de modo que ressalte, com força, que não
se dirige apenas aos indivíduos, mas à Igreja inteira. Lembremos este texto memorável, que
não perdeu a sua força interpeladora: “A Igreja deve aprofundar a consciência de si mesma,
meditar sobre o seu próprio mistério (...). Desta consciência esclarecida e operante deriva espontaneamente
um desejo de comparar a imagem ideal da Igreja, tal como Cristo a viu, quis
e amou, ou seja, como sua Esposa santa e imaculada (Ef 5, 27), com o rosto real que a Igreja
apresenta hoje. (…) Em consequência disso, surge uma necessidade generosa e quase impaciente
de renovação, isto é, de emenda dos defeitos, que aquela consciência denuncia e rejeita,
como se fosse um exame interior ao espelho do modelo que Cristo nos deixou de Si mesmo”.
O Concílio Vaticano II apresentou a conversão eclesial como a abertura a uma reforma perma8
nente de si mesma por fidelidade a Jesus Cristo: “Toda a renovação da Igreja consiste essencialmente
numa maior fidelidade à própria vocação. (…) A Igreja peregrina é chamada por Cristo a
esta reforma perene. Como instituição humana e terrena, a Igreja necessita perpetuamente desta
reforma”.
Há estruturas eclesiais que podem chegar a condicionar um dinamismo evangelizador; de igual
modo, as boas estruturas servem quando há uma vida que as anima, sustenta e avalia. Sem vida
nova e espírito evangélico autêntico, sem “fidelidade da Igreja à própria vocação”, toda e qualquer
nova estrutura se corrompe em pouco tempo.

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