terça-feira, 27 de maio de 2014

DOCUMENTO 104

C A P Í T U L O I
PERSPECTIVA B ÍB L I C A


6. Toda a comunidade cristã encontra sua inspiração naquelas
comunidades que o próprio Jesus Cristo fundou por
meio dos apóstolos, na força do Espírito Santo. Para que a
renovação paroquial ocorra a partir de Cristo, é preciso revisitar
o contexto e as circunstâncias nas quais o Senhor Jesus
estabeleceu a Igreja primitiva. O objetivo é identifi car
alguns elementos bíblicos que permitam iluminar o entendimento
da paróquia como comunidade de comunidades.
1.1. Recuperar a comunidade
7. No antigo Israel, o clã, a comunidade, era a base da convivência
social. Nele estava a proteção das famílias e das
pessoas, a garantia da posse da terra e a defesa da identidade.
Era a maneira concreta de o povo daquela época
encarnar o amor de Deus no amor ao próximo.
8. No tempo de Jesus, porém, devido à política do Império
Romano e ao sistema da religião imperial, a vida comunitária
estava se desintegrando. A estrutura da sinagoga
continuava existindo, mas a comunidade estava se enfraquecendo.
Os impostos aumentavam e endividavam
famílias (cf. Mt 22,15- 22; Mc 12,13- 17; Lc 20,26). A ameaça
de escravidão crescia. Havia repressão violenta por
parte dos romanos que obrigavam a população a acolher
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Comunidade de Comunidades: Uma nova Paróquia
os soldados e dar- lhes hospedagem. Isso levava as famílias
a se fecharem dentro das suas próprias necessidades.
Muitas pessoas fi cavam sem ajuda e sem defesa, como as
viúvas, os órfãos, os pobres (cf. Mt 9,36).
9. O fechamento era reforçado pelo sistema religioso. Quem
dedicava sua herança ao Templo podia deixar seus pais
sem ajuda. Isso enfraquecia o quarto mandamento que era
a força da comunidade (cf. Mc 7,8- 13). Por vezes, a Lei de
Deus era interpretada para legitimar a exclusão. A noção
de Deus que a estrutura religiosa e a interpretação ofi cial
da Lei comunicavam ao povo já não era mais a imagem de
amor e de misericórdia do tempo dos profetas.
10. Para que o Reino de Deus pudesse manifestar- se, novamente,
na convivência comuni tária do povo, as pessoas
precisavam ultrapassar os limites estreitos da sua pequena
família e se abrir novamente para a grande família,
para a comunidade: uma família de famílias. Jesus deu o
exemplo. Quando sua própria família tentou apoderar- se
dele, reagiu e disse: “Quem é minha mãe? Quem são meus
irmãos? Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão,
minha irmã e minha mãe” (Mc 3,34- 35). Ele quis evitar que
sua família se fechasse sobre si. Jesus alargou o horizonte
da família.

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