sábado, 4 de janeiro de 2014

A NOMOFOBIA - ARTIGO DO FREI BETO

imagem Google
As vezes eu recebo alguns e-mails que são bonitos mas nem sempre servem para uma reflexão. Recebi ontem um e-mail de um casal amigos de São Paulo, a Sra. Walderez e seu esposo Hélio,  que sempre me mandam e-mails educativos e bem politizados. Desta vez esse me chamou a atenção.  Trata-se do uso indiscriminado, ou viciado dos celulares. Vamos ver no artigo do Frei Beto que existe até um nome para isso que é nomofobia que é o medo de ficar sem celular. Vamos ler o artigo :

MEU CELULAR, MINHA VIDA
Frei Betto
        Há uma nova doença nos anais da medicina: a nomofobia, o medo de ficar sem celular. O termo foi cunhado no Reino Unido, e deriva de “no mobile phobia”. O fato é óbvio: para qualquer lugar que se olhe, as pessoas estão atentas ao celular – rua, restaurante, local de trabalho, ônibus, metrô, escola, e até igreja.
        Não sem razão, a revista Forbes considerou o mexicano Carlos Slim, em 2013, pela quarta vez consecutiva, o homem mais rico do mundo, com uma fortuna calculada em 73 bilhões de dólares. Com negócios na área de comunicação em vários países, no Brasil ele controla a Globopar (Net), a Claro e a Embratel.
        O Brasil é o 60º país do mundo mais conectado por celular, e o 4º a dar mais lucros às empresas de telefonia. O brasileiro gasta, em média, 7,3% de sua renda mensal com o uso do telefone móvel. Em julho deste ano, nosso país dispunha de 267 milhões de aparelhos.
        Essa fissura de manter o celular ligado o tempo todo – e manter-se ligado ao celular todo o tempo (até na hora de dormir) – se explica pela hipnose coletiva gerada pelas redes sociais.
        Uma das anomalias de nossa época pós-moderna é o esgarçamento das relações pessoais e comunitárias. A família tradicional, que se reunia à mesa de refeições ou na sala para conversar, é hoje um bem escasso. As relações matrimoniais mal resistem à primeira crise. Segundo o IBGE, as uniões conjugais duram, em média, cerca de sete anos!
        Na opinião de Aristóteles, amizades são imprescindíveis à nossa felicidade. No entanto, nesse mundo competitivo, muitas andam contaminadas por inveja, ciúme, cobranças, ou prejudicadas pela falta de tempo.
        Resta então, nesse mar revolto no qual naufragam antigos e saudáveis costumes, a ilha salvadora do celular! O aparelho corresponde muito bem às contradições da pós-modernidade: por ele me comunico, sem conversar; opino, sem me comprometer; me expresso, sem me envolver; troco mensagens e torpedos, sem me doar a ninguém e a nenhuma causa.
        O fascínio do celular consiste em amenizar minha solidão sem exigir solidarizar-me. Estou na rede, interajo com inúmeras pessoas e, no entanto, fico na minha, olhando o meu umbigo, indiferente ao fato de algumas dessas pessoas estarem sofrendo ou, pelo menos, necessitando de minha presença física consoladora ou incentivadora.
        O celular faz de mim, Clark Kent, um Super-Homem. Eu, a quem quase ninguém presta atenção, agora gozo de um público multimídia ligado no que expresso. Em contrapartida, o celular me rouba tempo: de leituras, de trabalho, de convivência familiar e com amigos. Com ele ligado no bolso ou ao meu lado, fica cada vez mais difícil a concentração.
        O celular é um espelho mágico. Repare como as pessoas o fitam. É como se vissem na tela. Por ser um equipamento eletrônico dotado de múltiplos recursos, ele me traz a sensação de que sou um Pequeno Príncipe capaz de visitar sucessivamente diferentes planetas.
        No celular eu me enxergo como gostaria que as pessoas me vissem. Com a vantagem de que ele dissimula minha verdadeira identidade, meu modo de ser, permitindo que eu me esconda atrás dele. Ele faz de mim um ser onipresente. O que transmito é captado por uma rede infinita de pessoas que, por sua vez, podem reproduzir a inúmeras outras.
        Hoje em dia os consultórios médicos já lidam com crianças, jovens e adultos que padecem de nomofobia. Gente que não consegue se desconectar do aparelho. Vive as 24h do dia ligada a ele.
        Ah, como é saudável estar bem consigo mesmo e manter o celular desligado por um bom tempo, sobretudo à noite! Mas isso exige o que parece cada vez mais raro nos dias atuais: boa autoestima, falta de ansiedade, consistência subjetiva, gosto pelo silêncio e uma vida ancorada em um sentido altruísta.

MINHA OPINIÃO
Acho que Frei Beto ta coberto de razão e seu artigo serve para mim também. Ta difícil pra conversar tete a tete com uma pessoa como se fazia antes. Com a tecnologia tão avançada hoje, os celulares trazem aplicativos, sobretudo esses tipo android que fazem de tudo para a pessoa, mas esta escravizando-nos. 
Uma mãe me contava recentemente que sua filha de apenas 10 anos ganhou um celular de uma tia e ficou "nomofóbica" . Enquanto a filha estava usando o celular para falar com a mãe e o pai e os amigos, tudo ia bem, mas uma bela noite, a mãe que também não dorme sem desligar o celular, recebeu uma chamada da filha pedindo para ser acordada bem cedo. A mãe se espantou, afinal de contas a filha era para estar em casa dormindo aquela hora. A mãe se levantou correndo e foi ao quarto da filha e ela estava la mesmo, na cama, mas ao invés de bater na porta ao lado, resolveu ligar para a mãe que estava a uns 5 metros de distância.
Quando saiu a primeira versão de celulares no Brasil, me lembro que eram do tamanho de um tijolo, mas agora são compactos e muito inteligentes, e amanhã cedo estarão obsoletos. Por isso, acho que esta na hora de eu, você  a família começarmos a tomar cuidado com essa nomofobia, porque, tirando as vantagens de se poder comunicar na hora que quer, existem milhões de desvantagens para todos nós e uma delas é achar que estamos falando com alguém quando realidade estamos dando um jeito de não ver a pessoa e desconectá-la de nossas vidas. Alô, alô, e ainda mais, se vende muito e o serviço é caro e não é aquela coisa.

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