Frei Alberto Pegoraro
Não sei se existe uma dor maior do que a dor da perda de um
ente querido. É disso que eu gostaria de escrever hoje. Quem já não sentiu
tamanha dor? Se você ainda não sabe o que é isso, sorte sua, viu. Mas quando
nos deparamos com a morte de quem gostamos somos obrigados, até pela nossa
sobrevivência ir buscar no mais intimo
do nosso ser uma força maior do que a morte. E é isso mesmo: Somente uma força
maior do que a morte pode nos socorrer num momento de perda, e essa força vem da consolação em Cristo. Eu já passei por isso pelo menos duas vezes:
Quando perdi meu pai que era mais que um pai, era sim um amigo e mais recentemente,
há três anos, perdi meu irmão, meu único irmão de sangue, depois de quase dez
anos lutando com ele contra a bebida. Nesse caso ganhei definitivamente o meu
irmão para depois perdê-lo para uma dessas doenças oportunistas que surgem. Nós
padres atendemos muitas pessoas que vem até nós em busca de uma resposta para a
perda de um ente querido. E qual é nossa decepção quando vemos que para isso
não existem palavras capazes de apaziguar o coração doloroso e ferido de alguém
que perdeu alguém. Acho que nós gostaríamos que as pessoas que amamos fossem
perpétuas, mesmo com dores e doenças, ou que pudéssemos imortalizá-las no
sentido material da palavra, ou seja, que elas nunca fossem embora. Mas, a mais real das situações bate em nossas portas,
e às vezes nem dá sinal. Você já viu um ladrão avisar que vem para te roubar?
Então, a morte age tal como esse ladrão e nos leva o que temos de mais
precioso. O mais duro da morte é que ela leva a pessoa que amamos e ela não
voltara mais para o nosso convívio. É uma viagem sem volta! E quantas lágrimas serão derramadas em público
ou no silencio do nosso quarto até que essa ferida venha cicatrizar. Olha, eu
vou te dar um conselho de irmão: chore bastante até quando você não quiser mais
chorar. “No meu caso o choro funcionou como um antídoto, remédio contra o
veneno da morte ejetado em minha alma pela morte do pai e do irmão”. E não me venham com
aquela conversa de que homem não chora, e não queira ser o herói ou heroína
fazendo-se de durões. Até Jesus chorou a morte de seu amigo Lázaro: você
conhece essa passagem do evangelho?
Penso que para nós cristãos existem duas respostas: primeira:
Aquele que se foi vai ressuscitar um dia como Jesus Cristo prometeu, e
hoje dia de finados é o pensamento que quero nutrir na minha alma, e a segunda: A morte pode levar a pessoa que
amamos, mas nunca vai apagar o amor que sentimos por ela como bem lembrou-me um
dia uma pessoa que atendi aqui na Igreja Matriz de Dracena: “São
duas forças que a morte ainda não conseguiu vencer: a ressurreição e o amor” . O fato é que sofremos porque
amamos! Vamos fazer o seguinte: Hoje, quando você for ao cemitério ou na missa
pelos fiéis defuntos, DIGA CALMAMENTE PARA JESUS: Quero acreditar que o céu
estava precisando de alguém tão importante e especial e espero que o Senhor
cuide muito bem dele (a). E depois dê a partida no carro da sua existência e
continue caminhando, pois a estrada pode ser longa.
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